Mônaco, oficialmente Principado do Mónaco, é uma cidade-estado soberana, e, portanto, um microestado independente, situado ao sul da França. Apesar de atualmente em Mônaco se falar quase exclusivamente o francês, o monegasco é o dialeto autóctone do principado. Esse dialeto data do século XIII, da época em que o Mónaco passou ao controle de Génova.
Fundado em 1297 pela Casa de Grimaldi — até hoje sua soberana —, fica a menos de 20 km a leste da cidade de Nice e 20 km a oeste da cidade de Ventimiglia. Possui aproximadamente uma área de 202 ha (2,02 km²), sendo o segundo menor estado do mundo, atrás apenas do Vaticano (com 44 hectares de área) sendo assim o estado com a densidade populacional mais alta do mundo.
Tem como forma de governo a monarquia constitucional, em que o monarca é Sua Alteza Sereníssima, o Príncipe Alberto II do Mónaco. Mônaco possui 37.308 habitantes. Seus habitantes nativos (os monegascos) são minoria em seu próprio país, ou seja, apenas 21,6% do total de habitantes, porque os imigrantes vem em busca de emprego, oportunidades de negócios e um alto padrão de vida . Os franceses são 28,4% e os italianos, 18,7%
História de Mônaco
Um rochedo, projetado sobre as águas do mar Mediterrâneo, serviu de refúgio a várias populações primitivas. Os lígures, primeiros habitantes sedentários da região, eram montanheses acostumados a trabalhar em condições adversas.
O Mónaco foi fundado como colónia fenícia em Ligúria antiga e mais tarde foi ocupado por gregos e cartagineses, e em seguida pelos romanos, no final do século II a.C., que chamavam o local de Hercules Monoecus.
A partir da queda do Império Romano, no século V, a região foi invadida a intervalos regulares por diversos povos. No século V, tornou-se parte do Reino Ostrogótico da Itália com Ravena como capital.
Já em 8 de janeiro de 1297, os Grimaldi, uma família nobre da República de Génova com ascendência em diversos doges genoveses, ligou-se à fortaleza e colocou a primeira pedra da praça fortificada (hoje o palácio principesco).
Fulco del Castello obteve do imperador Henrique IV, do Sacro Império Romano-Germânico, a soberania sobre as terras ao redor do rochedo de Mônaco. Com o propósito de atrair uma população estável, ofereceu incentivos como terras com isenção de impostos. Posteriormente, a região tornou-se palco de disputa entre os gibelinos, aliados do imperador, e os guelfos, apoiadores do papa, sendo os Grimaldi aliados dos guelfos.
A Lenda de Mônaco
A lenda conta que, em 8 de janeiro de 1297, Francisco Grimaldi, disfarçado de frade, pediu abrigo na entrada do castelo de Mônaco. Ao ser admitido, ele sacou uma espada escondida sob o hábito religioso e matou o guarda, permitindo então que seu primo Rainier I e outros homens conquistassem a fortaleza. Esse evento marcou o início do domínio dos Grimaldi sobre Mônaco. O episódio é lembrado no brasão de armas do principado, que exibe dois frades com espadas, e pela estátua de Francisco Grimaldi na entrada do Palácio do Príncipe.
Em 1331, Carlos Grimaldi, filho de Rainério I, reconquistou a região de Mônaco e adquiriu as terras dos Spinola, aliados dos gibelinos, além de tomar os territórios de Menton e Roquebrune. De tal forma que ele é considerado o verdadeiro fundador do principado de Mônaco e o primeiro senhor oficial da região. Após sua morte em 1357, seu filho, Rainério II, continuou a lutar contra os genoveses, até que, em 1489, Carlos VIII da França e Carlos I, duque de Saboia, reconheceram a soberania de Mônaco.
Revolução Francesa
Durante a Revolução Francesa (1789–1799), Mônaco foi anexado pela França. Em 1815, no Congresso de Viena, o principado recuperou finalmente parcialmente sua independência, sendo declarado protetorado do Reino da Sardenha. Em 1860, o Tratado de Viena devolveu totalmente a soberania a Mônaco, o que foi ratificado pelo Tratado Franco-Monegasco em 1861. O príncipe Carlos III impulsionou o progresso econômico do principado, inaugurando o primeiro cassino em 1863 e estabelecendo o centro de Monte-Carlo em 1866.
Economia de Mônaco
O desenvolvimento econômico de Mônaco começou no final do século XIX com a abertura do Casino de Monte Carlo e uma conexão ferroviária com Paris. Desde então, o principado se destacou como destino turístico e recreativo para os ricos. Atualmente, tornou-se um centro bancário e diversificou sua economia com serviços e indústrias de alto valor agregado. Mônaco é inegavelmente conhecido por ser um paraíso fiscal, sem imposto de renda e com baixos impostos comerciais.
Por meio de seu relacionamento com a França, o Mônaco usa o Euro como sua única moeda (antes disso, usava o franco monegasco), mas não é membro da União Europeia. O país ingressou no Conselho da Europa em 2004. É membro da Organização Internacional da Francofonia (OIF).
Atualmente, o PIB de Mônaco está em torno de 8,34 bilhões de euros, de acordo com os dados de 2022. O PIB per capita atingiu aproximadamente 91.353 euros (ou cerca de 240.862 dólares) no mesmo ano, representando um crescimento significativo em comparação com anos anteriores.
A economia do país depende certamente de setores como turismo, finanças, construção civil e indústria, devido à falta de recursos naturais, ao território limitado e ao clima favorável. Aliás as baixas taxas e a presença do cassino também impulsionam o turismo.
Menor taxa de pobreza do mundo
A saber, Mônaco tem a menor taxa de pobreza do mundo e a maior proporção de milionários per capita, com uma em cada três pessoas sendo milionária. Em 2016, 52.447 pessoas trabalhavam no país, sendo a maioria no setor privado e muitos vindos da França. A taxa de desemprego era de 3,2% em 2019. O mercado imobiliário é surpreendentemente um dos mais caros do mundo, com o preço médio de 57.800 USD por metro quadrado, e Mônaco abriga o terceiro apartamento mais caro do planeta.
Turismo em Mônaco
O turismo é de fato uma das principais atividades econômicas de Mônaco, com mais de 7 milhões de visitantes anuais, atraídos por pontos turísticos como o Cassino de Monte-Carlo, o Museu Oceanográfico, o Palácio do Príncipe e o Grand Prix de Mônaco. Além disso, o principado conta com 10 restaurantes estrelados pelo Guia Michelin.
As leis favoráveis aos jogos de aposta resultaram na criação de quatro cassinos, que geram cerca de 223 milhões de euros por ano. Pois a economia do país foi impulsionada no século XIX com a legalização dos jogos e a construção de uma ferrovia, que facilitou o acesso dos turistas.
Grand Prix de Mônaco
Desde 1929, o Grand Prix de Mônaco atrai a atenção mundial pois o consideram amplamente um dos eventos de automobilismo mais importantes e prestigiados do mundo, realiza-se anualmente no final de maio ou início de junho, apesar dos pilotos não gostarem de correr lá.
Pois a corrida é feita em um percurso estreito nas ruas de Mônaco, com muitas mudanças de elevação e curvas fechadas, assim como o túnel, tornando-o um dos circuitos mais exigentes da Fórmula 1, com velocidades médias relativamente baixas. É o único Grande Prêmio que não segue a distância mínima de corrida da FIA de 305 km para corridas de F1.
Seu regime tributário tornou-o o lar de muitos pilotos ao longo dos anos, incluindo Gilles Villeneuve e Ayrton Senna que tem o recorde de vitórias até hoje, totalizando em 6.
Geografia de Mônaco
Mônaco Tem um terreno elevado e rochoso, com o ponto mais baixo sendo na costa do Mar Mediterrâneo e o ponto mais alto em Chemnin des Revoires, a 163 m de altitude.
Por ter um território pequeno e uma elevada densidade demográfica, o governo monegasco investe em reclamamento de terra do Mediterrâneo para criar novos espaços para desenvolvimento urbano. Durante 150 anos, engenheiros recuperaram 40 ha de terra do mar.
Atualmente concluiu-se uma das fases do projeto de reclamamento de terra de Le Portier, que consistia em um projeto de 15 ha, porém reduzido para 6 ha, já reclamados mas ainda não desenvolvidos. Com isso, espera-se concluir o projeto até 2025.
Religião
O Catolicismo é a religião estatal oficial de Mônaco, embora se permite outras práticas religiosas, pois é lei a liberdade religiosa. Cristãos formam o maior grupo religioso de Mônaco, com 83,2% da população praticando a religião, 93% de cristãos identificando-se como católicos, 3,3% como protestantes, 2,3% ortodoxos, 0,7% anglicanos, e outras denominações 0,4%.
12,9% da população é irreligiosa, 2,9% são judeus, 0,8% são islâmicos (não existem mosques em Mônaco, e o mais próximo se localiza em Beausoleil, França) e 0,5% praticam outras religiões ou não especificaram.
Transporte de Mônaco
Mônaco tem um eficiente sistema de transporte público, com 6 linhas de ônibus ligando os principais pontos turísticos da cidade das 7h às 21h, operadas pela Compagnie Autobus de Monaco. Há também um sistema de aluguel de bicicletas elétricas, feito pela companhia MonaBike, que tem 390 bicicletas e 42 estações.
Para comutar para cidades vizinhas, também é possível usar um helicóptero da MonacAir, na viagem entre Mônaco e o aeroporto de Nice, que demora entre 6 e 7 minutos nesse ínterim. Há também o trem, operado pela SNCF, que liga Mônaco a cidades vizinhas pela linha costeira.
Saúde
Mônaco tem um exemplar sistema de saúde, provido pelo sistema público e por serviços de empresas privadas que o complementam, já que todos os cidadãos devem contribuir ao Caisses Sociales de Monaco (CSM), e todos que contribuírem tem o direito de usar o sistema púlico de saúde.
Há na cidade-estado quatro instituições de saúde: Centre Hospitalier Princesse Grace, Centre Cardio-Thoracique de Monaco, Centre d’Hémodialyse Privé de Monaco e o Institut Monégasque de Médecine et Chirurgie Sportive. A expectativa de vida em 2020 é de 89,3 anos; 85,4 para homens e 93,3 para mulheres.
Segurança
Mônaco é, acima de tudo, um dos países mais seguros do mundo, contando com uma força policial de 519 para uma população de 38.000 habitantes, o que equivale a cerca de 1 policial para cada 100 pessoas. O principado possui um avançado sistema de vigilância 24 horas, apesar de a defesa do país ser de responsabilidade da França. Os policiais recebem um treinamento intensivo de dois anos. A corte de justiça quase sempre dá sentenças máximas aos criminosos, ajudando portanto a desencorajar os crimes.
Educação
A educação é compulsória para crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos. O sistema tem uma excelente estrutura, com currículo feito para atingir padrões internacionais, e se baseia muito no francês. No entanto, o país possui 10 escolas públicas, incluindo 7 creches e instituições de ensino primário, um lyceé e uma faculdade que provê formação vocacional. O ano escolar começa no início de setembro. As crianças aprendem, desde cedo, inglês e francês, além do dialeto monegasco e as crianças aprendem a nadar aos cinco anos.
Gastronomia de Mônaco
A gastronomia de Mônaco reflete sua localização no Mediterrâneo e sua proximidade com a França e a Itália. A culinária local mistura sabores provençais e italianos, resultando em pratos que destacam ingredientes frescos, como por exemplo frutos do mar, azeite, ervas e legumes.
Pratos típicos de Mônaco incluem:
- Barbagiuan: um pastel frito recheado com abóbora, arroz e queijo, muito popular como aperitivo.
- Stocafi: um prato de bacalhau seco cozido em um molho de tomate, azeite e ervas aromáticas.
- Fougasse: um pão doce decorado com nozes, frutas cristalizadas e sementes de anis.
- Socca: uma espécie de panqueca feita de farinha de grão-de-bico, semelhante à farinata italiana.
Além da culinária tradicional, Mônaco é também reconhecido por sua alta gastronomia, abrigando restaurantes estrelados pelo Guia Michelin.
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